segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mais uma janela que se abre para o Nordeste

Enquanto uns acreditam que falar (ou escrever) sobre o Nordeste e seus problemas é tema batido, lendo o blog "Novo em Folha", da jornalista Ana Estela de Souza Pinto, constatei que isso não é verdade. Através do veículo, cheguei aos vencedores do Prêmio Esso 2009 e à matéria "Os Sertões" realizada pelo Jornal do Commercio de Recife.

O trabalho é fantástico, de uma sensibilidade que não cai no ordinário.

Parabéns ao Jornal do Commercio pelo trabalho, e à Folha, pela divulgação e pelo conteúdo multimídia disponibilizado no blog da Ana Estela.

Link: http://www2.uol.com.br/JC/sites/sertoes/ 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Big Bosta Brasil vem aí

Como se não bastasse a parafernália alienante típica de dezembro: mamães noéis mostrando suas bundas rebolantes e peitos siliconados, as boas ações natalinas que são meras obrigações cidadãs e as publicidades carnavalescas (arght!), fim de ano também significa ter que aguentar as chamadas ao Big Brother Brasil ( e todo o burburinho que gera em torno desse programa).

Há 10 anos somos obrigados a engolir o olho maldito, e vê-lo invadir as programações televisivas (que já não são bons) para promover esse programinha de merda, (qualifico de igual forma qualquer outro programa do Boninho...)

É justamente nessa época do ano que perco a minha fé nos brasileiros, no nosso senso crítico, na possibilidade de um dia sermos uma população mais inteligente! O BBB somatiza todas as minhas frustrações quanto à televisão brasileira e a esperança de nos emanciparmos dela torna-se um sonho cada vez mais distante, principalmente quando tento puxar um papo culto com os meus amigos e, quase que por escárnio à minha tentativa, me perguntam se eu vi a pendenda dos participantes ou o que eu faria com 1 milhão.

Isso, irremediavelmente reflete o que somos: meros fofoqueiros, incapazes de cuspir esse lixo que engolimos há 10 anos!

Conclusão, mesmo desligando o maldito aparelho, nas rodas de conversa não terei chance de escapar sobre o tema Big Bosta Brasil. Socorroooooooooooooooooooo!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cinco minutos de reflexão


 A reflexão que me refiro, veio com esta foto que vi hoje em um jornal. Minutos depois de olhar para ela, decidi que precisava dividi-la com o maior número de pessoas. Realmente necessitava arrancar essa angústia de mim, dividir esse peso e alimentar a esperança de que alguém fosse propor algo. A história desse pai - que está vendendo seus dois filhos porque não pode mantê-los, merece a nossa atenção. Num mundo conflituoso e de gente miserável, também existe um mundo criativo, luxuoso, habitado por gente bem sucedida, que possui ferramentas que consideramos necessárias para alcançar a felicidade. Essas mesmas pessoas, que representam uma porção muito pequena da humanidade, convivem com uma outra grande parte da população que se encontra em situaçoes como essa que vemos na foto: são gente obrigada a vender seus filhos, a vender o seu corpo, ou seja, a prostituir dia após dia a sua essência humana. E fazem isso simplesmente para satisfazer suas necessidades mais básicas. Então, o que me afeta desde que olhei para essa imagem é a cegueira permanente que as pessoas poderosas tem, que não utilizam os mecanismos funcionais para reverter esta situação. Sinceramente, custo a entender como conseguem manter a sanidade mental e espiritual com tantas dissemelhanças na nossa sociedade, agindo como se as coisas acontecessem  por méritos de uma rotina fatalista. Será que já estamos loucos? Deixamos de ser seres humanos? Estamos tão aliendados que já não tomamos consciência dessa triste realidade?
Infelizmente, não sei qual será o destino dessas crianças, desse pai. Só sei que muitas pessoas ao redor do mundo, após lerem esta triste notícia, ligarão seus televisores e seguirão com suas vidas como se nada tivesse acontecido. E pior, dormirão tranquilas.



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Leite derramado

Respeito o protesto pela baixa do valor do leite na Europa; os produtores devem ter suas razões por ela. Mas desperdiçar milhões de litros do alimento como a França e Bruxelas vêm fazendo nas últimas semanas, para mim é uma falta de respeito para com as 950 milhões de pessoas que padecem de fome. Principalmente, quando a FAO divulgou semanas antes que o número de famintos no planeta é o maior da história e que a solução para o problema parece estar complicadíssimo, porque caiu o número de doadores ao banco mundial de alimentos, a crise mundial que ainda paira nas economias, a recente rise na produção dos alimentos, o aquecimento global...

Sei que não só de leite vive o homem e que se eles desperdiçam é porque tem de sobra. O que não sei é como podem dormir tranquilos sabendo que minimamente poderiam amenizar a angústia de tanta gente?

É a velha história: os que muito tem não valorizam e não se lembram daqueles que tem pouco...É absurdamente óbvio o que escrevo, tão absurdo que me assusta saber que essas coisas acontecem em nosso mundo, em pleno século XXI.


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cartier, que inveja de você paulistano!



Para os amantes da fotografia, um regalo dos deuses: amanhã no Sesc Pinheiros uma exposição do nome mais famoso da agência Magnum. Simmmm, uma mostra grátis do grande fotógrafo Henri Cartier-Bresson.

Não sei se a mostra chega a Buenos Aires, mas confesso que estou morrendo de inveja dos paulistanos. Portanto, Thiaguito do meu coração, vá ao evento e desfrute do "momento decisivo" por mim.

É óbvio que eu não quero saber se estava ótimo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Entre as cores psicodélicas da Índia e a melodia dor de corno de Annete Hanshaw


Digamos que os filmes de animação não são o meu forte. O porquê, pouco sei explicar, embora haja produções que já fazem parte da minha prateleira de filmes preferidos, como é o caso de Persépolis.
Mas ontem, assistindo ao belíssimo filme Sita sings the blues, reconheci que devo dar mais oportunidade a esse gênero. Foi impossível ficar indiferente à sensibilidade e criatividade de Nina Paley, que, através de sua animação, cores, e do jazz dos anos 20, soube impressionar com o Sita sings the Blues.
Mesmo se tratando de um tema batido - conflitos amorosos, o filme te conquista logo nos primeiros minutos.
Fica aí a dica do Sita, que pode ser baixado da internet de forma legal e gratuita. E para quem não viu Persépolis, por favor, assista!


sexta-feira, 3 de julho de 2009

A moda agora é Twittar, é?

Resisti. E quanto mais resisitia, mais ultrapassada e vencida pelas inovações me sentia. É como aquela velha frase vomitada pelos mais velhos "no meu tempo as coisas não eram assim".

Primeiro veio o ICQ e com ele a minha vida mudou: conheci pessoas de diversos lugares do Brasil e do mundo, e nele fiz muitos amigos. Nessa época também havia o Mirc a as salas de bate-papo, mas estes nunca me chamaram a atenção. Depois veio o MSN, praticamente um substituto do ICQ. Em seguida, a novidade foi o Skype. Recordo com saudades as discusões pelo SkypeCast: literatura, filosofia, merda e afins (e em vários idiomas), pena que acabou.

Com o passar dos anos (ou até meses!) as inovações na comunicação virtual já não eram surpreendentes como foram o ICQ e o MSN...
Chegou o Orkut! Foi um estouro: os momentos de fama conseguindos através de uma foto da sua mãe chapada no churrasco do tio Zezinho, era sucesso garantido! E ele criou tendências: passamos a tirar fotos na frente do espelho fazendo biquinhos, ficamos mais fofoqueiros e dependentes da vida alheia, e quem não tivesse um. estava perdido! Demorei certo tempo para fazer um, mas... acabei cedendo. Vejamos isso com bons olhos: quem vive longe, por exemplo, pode botar fotos de casamento, batismo, nascimento ou divórcio (e porque não?) para os parentes que moram longe verem. Sabe aquela tia que te viu pela última vez quando você tinha 5 anos? Olha que coisa boa: agora ela poderá acompanhar seu décimo piercing pelo Orkut, sem te obrigar a escutar "que espanto esses anéis pendurados!"
Mas a fama do orkut parece dever muito ao Brasil. Em outros países quase ninguém sabe o que significa isso. Fora do planeta Brasil, existe outro meio de exibição ainda mais influente: o Facebook.

Sinceramente, não gosto dele. Como moro em Buenos Aires e já cansei de escutar "nunca ouvi falar no Orkut", decidi me inscrever no Facebook...
Depois dos primos-irmãos Orkut/Facebook nasceram uma porrada de meios similares: Hi5, Sônico....e outros não recordo os nomes. 
Agora, uma nova tsunami surgiu na internet: Twitter.
Não entendo porque as pessoas desejam tanto uma invasão na sua privacidade e expõe coisas que jamais contaria a ninguém "estou cagando" ou "tava bêbada e dei para aquele ridículo" e o mais assombroso é que a galera curte isso.

Imagino o desespero dos analistas, profissão que acho que está com os seus dias contados...Parece que as palavras segredo e descrição são coisas do passado. As informações estão sempre ali, esperando desesperadamente que alguém leia. Não importa se é um comentário bobo, bizarro ou chato. Hoje, todo mundo se anima a falar de qualquer besteira!

Confesso que mais uma vez a minha resistência não bastou. Fraquejei e lá estou eu com o meu Twitter! 
Mas não enxergo essa revolução comunicacional de forma tão avassaladora! Embora sejam parcialmente nocivos, penso nas coisas boas que podemos fazer com essa facilidade: trocar informações relevantes para a melhorar a nossa sociedade. E isso é ótimo!

Isso me faz refletir as dificuldades que existiam na comunicação há poucos anos atrás. Com isso, me tento a imaginar Darwin escrevendo no seu twitter "depois de tanto observar inúmeras espécies, concluo que vence aquele que melhor se adapta ao ambiente". Ou Getúlio Vargas postando no Orkut sobre o seu suicídio "deixo a vida, para entrar na história". Ainda, Robert Hooke expondo no seu Facebook as primeiras imagens de uma célula.

Bem, se estamos carentes de atenção ou solitários na vida, somente as futuras gerações - após uma profunda análise do nosso comportamento, poderão dizer. E quem sabe, as frustrações diante do que fomos serão escancaradamente expostas em uma.........ufa, minha imaginação não dá para tanto!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A morte do líder democrata


Junto com as nuvens que cobrem o céu nublado, argentinos choram pela morte de seu ex presidente Raúl Alfonsín. Morto nessa última terça (31), o político que marcou o início do processo de redemocratização da Argentina pós ditadura, será enterrado nesta tarde (2), no cemitério da Recoleta.

Alfonsín governou a Argentina entre os anos 1983 a 1989. Foi um período difícil, marcado pelo pós Guerra das Malvinas, julgamento de ex ditadores - responsáveis pelo desaparecimento de mais de 30 mil pessoas, inflação orbitante e instabilidade política. É lembrado entre a população como um guerreiro da democracia e o político menos corrupto até então.

Centenas de condolências vindas de diversas partes do mundo chegam a Buenos Aires. Personalidades ilustres do meio político nacional como Menem, De La Rúa, Duhalde e Kirchner vão dar seu último adeus. Do Brasil, comparacem também na forma carne-osso, nada menos que Sarney e Collor - por coicidência, catástrofes ainda vivas da nossa história política.

Quilômetros de humanos enfileirados, tomam chuva e frio para prestar uma homenagem ao ex líder, deixando o acontecimento mais dramático que um tango. Tamanha mobilização foi vista assim na morte de Juan Perón, em 1974.

Desde o meu quarto, escuto tímidos fogos artificiais estourarem do lado de fora para glorificar o morto. O clima é de tristeza. Não vivi a Argentina "alfonsiana", mas posso compartilhar com os meus irmãos a tristeza de um desejo não cumprido ou sistematizamente adiado: ver uma Argentina orgulhosa e não arrasada, fortalecida e não arrastejante como se sonhou quando os anos negros da ditadura terminaram e quando Alfonsín assumiu a presidência.
O salvador da pátria morreu, deixando milhares de argentinos órfãos, que como ele, acreditou que a história deste país poderia ter sido diferente.

domingo, 29 de março de 2009

O fusquinha bordô e meu momento blasé


A bobeira que vou comentar agora vem de um sentimento inexplicável pela ciência, que faz pessoas cometerem micos terríveis. Por isso estou aqui, falando do amor.
Não importa seu gênero, pode ser ele platônico, correspondido ou não, mazoquista ou irracional. Mas onde quero chegar com tudo isso é ressaltar que todo amor é louco.

A loucura que descreverei é de uma estupidez tão infantil, que dá vergonha de contar. Não é vergonha de expor o que sinto. É timidez por assumir um amor que nem sempre é merecido, porque é meio cafajeste e dispensa o ridículo.

Hoje à tarde, caminhando com o cachorro do Luis (fiz essa construção de propósito, fica engraçada - pois refiro-me ao Sasha, rusky siberiano) vimos um fusquinha bordô. Até aí nada demais. Mas aqui não tem fusca! É raríssimo ver um, ainda mais bordô. Só que a novidade não é essa, o lance é que o carro tinha uma placa de BRA-SÍ-LIAAAAA, com um adesivo da bandeira do Brasil precariamente grudado. Gente, vocês não podem imaginar a minha euforia. É que foi uma surpresa tão irreal, ali na pracinha, onde vou quase todos os dias, onde todas às vezes que caminho só vejo argentinos de cara amarrada, carros argentinos mal estacionados e muitos, muitos cachorros cagando na via pública...e no meio de tudo aquilo o fusquinha bordô com a placa de Brasília, brasileiro!

No ato procurei o dono do artigo. Nada! Dei uma olhadinha pra ver se identificava outra coisa tupiniquim, mas a sorte não era para tanto. Fiquei com essa satisfação estranha de quem se dá por feliz por tão pouca coisa. Estranho mesmo e como comentei antes, um tanto infantil.

O encontro com o carro me fez pensar nas inúmeras besteiras que já vivi e escutei sobre o amor brasileiro. "Outro dia, passendo na frente de uma loja de CD´s, escutei uma música do Só pra Contrariar. Fiquei tão feliz que parei ali do lado de fora e fiquei curtindo a música, molejando a cabeça e os pés. Ninguém entendia, nem mesmo eu que jamais curti pagode, menos ainda o Alexandre Pires. Mas era algo do Brasil, naquela rua agitada depois das quatro, cheio de gente estranha e com pressa. Eu ali, repentinamente me transformando em sorrisos, só por ouvir uma música de um brasileiro". Esquisitices do gênero já fiz muitas vezes. Uma delas foi querer ser amiga de uma desconhecida só porque falava português. E não fiquei mostrando os dentes apenas. Fui em sua direção, perguntar o que fazia ali, se queria tomar um café depois, ingenuidade pura. Brasileiro no exterior é uma bosta, porque a maioria despreza seus compatriotas. Hoje aprendi a lição. Vejo uma brasileira perdida no metrô com suas estampas estravagantes, decotes exagerados e brincos espalhafatosos, lasco meu esteriótipo argentinizado: nariz empinado, olhar indiferente, apressado e de pouca paciência. Se é um brasileiro, ainda posso dar uma ajudinha, hehe.

Mas é assim mesmo, cada gesto, objeto, som que remete à terrinha faz descarregar uma euforia mirabolante, acorda o amor já esquecido. E esse reencontro com o amor antigo é tão gostoso que não importa quem você canta, pois quando o desejo vem é o seu nome que chamo. Brasil, posso até gostar de alguém, mas é você quem eu amo.
Clichê, mas quem disse que o amor não é piegas?

sexta-feira, 27 de março de 2009

Tecnologia ao alcance de todos, literalmente!


Alguns inventos revolucionaram nossas vidas. O celular por exemplo, é um dos objetos mais úteis que o homem moderno criou. Duvido que exista alguém que não tenha se rendido a essa parafernália multifuncional. Seja para comunicar, jogar ou simplesmente exibir um artigo da era pós moderna, o celular é praticamente um membro da família ou do corpo humano, porque simplesmente não vivemos sem ele.

Há os conservadores que dizem "não tenho" ou simplesmente "não dou importância pra isso, pois ele fica esquecido dentro da bolsa". Hipocrisia pura. Também sou dessas que abandona o celular em cima da cama, no banheiro ou dentro da geladeira!!! E nem por isso deixo de morrer de felicidade quando recebo uma mensagem ou uma ligação. Nesse momento penso "que maravilha!", pois seja no ônibus, na academia, não importa, sempre serei localizada. E nada de esperar chegar em casa para fazer aquela consultinha no google. O google agora está ali no seu celular, junto com outras milhoes de páginas. E para aqueles que dizem não ter celular, pode até ser verdade, mas aposto que ligam para pessoas que tenham. Não importa, indiretamente estão fazendo o uso dele.

E onde é que vou com tudo isso? É que estou pasma até agora com o que vi ontem.
Senhor idoso, idade pra ser meu avô, largado na calçada, roupas sujas, rasgadas. Sentado num papel
ão de mercado mendigava aos traunsentes "una monedita". É, a crise tá feia mesmo, pensei, está empobrecendo ainda mais os necessitados. Decidi ajudá-lo.
Aproximei do cidad
ão, olhos lacrimejantes - ele estava com fome, muita fome naquela hora da noite. Procurei uma moeda no bolso, dei um sorriso de "força tio, um dia a gente sai dessa" para ver se o animava. Ele retribuiu o olhar e de repente, TRIMMM. Ele parecia mais assustado que eu. Olhos arregalados buscavam nos vários bolsos da roupa o objeto histérico que insistia no TRIMMM.

Indignada, atirei a moeda de mais baixo valor no colo do homem. Um nokia moderníssimo
, nem o meu possui tanta função!
É, eu estava enganada. Em tempos de crise a confusão sentimental e racional nos enlouquece tanto que os picaretas se aproveitam disso. Usam o discurso da caridade para saciar seus devaneios consumistas. Fiquei irritada mesmo. Se ao menos ele tivesse usando o celular para pedir uma pizza pra gente...