quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Assunto velho, mas não irrelevante

Outro dia, buscando saber mais sobre as personalidades brasileiras que marcaram as décadas de 60 e 70, sem querer, topei com a Leila Lopes. Na verdade, coitada, buscava sobre a Leila Diniz. O curioso, foi que a Leila que não buscava me levou a um texto - cuja manchete desatualizada para este post, era bastante coerente com fatos que muitas vezes escapam da ótima de análise da impresa - porque não lhe interessa, óbvio.
Sem mais meandros, posto na íntegra o texto do blog Ad Pereira, cujo autor é o mesmo do título do veículo.

Fonte: http://adpereira.wordpress.com/2009/12/04/a-morte-de-leila-lopes-e-a-vida-de-leila-diniz-um-desabafo/

Essa semana fomos surpreendidos pela morte de Leila Lopes, com fortes indícios de que a causa tenha sido suicídio. O fato em si já é triste o suficiente, mas não paramos por aí.
A morte de Leila Lopes, cuja carreira transitou da Rede Globo para os corredores obscuros da indústria pornô, não deixa de trazer consigo um certo simbolismo dos tempos em que vivemos.
A Sociedade só pode estar com febre alta. As mulheres lutaram pelos seus direitos, queimaram sutiãs,foram às ruas.
Parece que o esforço não serviu prá nada, primeiro inventamos a mulher objeto, depois, a mulher produto. Disponível nas bancas de revistas, nos sites, nas modalidades frutíferas mais incríveis para o delírio e gozo de uma legião de onanistas insaciáveis. E se por um lado existe a venda, do outro existe o comprador formando um círculo vicioso.
São três os deuses dessa sociedade hipócrita, o pênis, a vagina e a fama. Três entidades que se combinam alucinadamente nas mentes pervertidas do sistema. Na busca desenfreada pela fama e o glamour e o poder que ela traz, os outros dois deuses, pênis e vagina aliam-se em metamorfoses ad nausea. Uma moça feia e pobre se torna celebridade instantânea por ter sido barrada na porta de uma faculdade e ganha os sedutores espaços da mídia, noutro instante prevê-se que ela seja abandonada e menosprezada pelo próprio monstro que a criou não sem antes ter faturado um punhado de dólares com a exibição do corpo. Um programa de televisão se passa no meio do mato e sobrevive da exibição de  peitorais, bundas e peitos numa hemorragia de formas sem nenhum conteúdo.
Por isso e muito mais, não há graça alguma nessa morte e a manifestação de alguns integrantes do grupo CQC pelo twitter afora são apenas sinais do que a deusa fama pode causar nas mentes dos incautos. Os garotos do programa, enebriados pelos delírios de poder que uma audiência elevada produz, andam por aí no mundo digital e real lançando “posts” sobre a morte da atriz, sem o mínimo respeito pela própria ou pelos parentes dela.Onde anda você  Marcelo Tas, um jornalista sério e com uma carreira sólida? Aguardamos a manifestação de seu bom senso com a rapaziada do programa que você lidera.
Salve Cláudia Raia, com seus 1,10m de pernas e kilômetros de inteligência. Salve Malu Mader, Marisa Monte, Ligia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Fernanda Montenegro, e finalmente Salve Leila Diniz, cuja coincidência de ter o mesmo nome da atriz Leila Lopes nos convida a refletir. São duas Leilas, dois destinos e um hiato gigante entre a ousadia e libertação proposta no passado por uma e a tristeza de assistir a morte da outra triturada pela canalhice sexual imposta pelos adoradores dos  deuses vagina, pênis e fama.